sábado, 25 de outubro de 2008

Le Figaro

Jornal francês "Le Figaro"

A História


Os adeptos do movimento rejeitavam o moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX. Os primeiros futuristas europeus também exaltavam a guerra e a violência. O Futurismo desenvolveu-se em todas as artes e influenciou diversos artistas que depois fundaram outros movimentos modernistas.


A pintura:


A pintura futurista foi influenciada pelo cubismo e pelo abstracionismo, mas a utilização de cores vivas e contrastes e a sobreposição das imagens pretendia dar a idéia de dinamismo. Alguns dos primeiros artistas do futurismo foram: Umberto Boccioni, Carlo Carrà e Luigi Russolo.


O Futurismo em diferentes países:


Brasil: No Brasil, alguns artistas influenciados foram, por exemplo, Oswald de Andrade e Anita Malfatti.


Portugal: Em Portugal, logo em 1909, o Manifesto de Marinetti foi traduzido do Le Figaro no Diário dos Açores, mas passou despercebido.


Em Março de 1915, Aquilino Ribeiro, numa crônica parisiense anuncia na revista Ilustração Portuguesa o movimento futurista aos Portugueses.Mas foi no número dois da Revista Orpheu, dirigida por Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro que o futurismo aparece como movimento em Portugal. Na revista aparecem quatro trabalhos de Santa-Rita Pintor, e a Ode Marítima de Fernando Pessoa, mereceu de Sá Carneiro a apreciação de "Obra Prima do Futurismo".


Porém, em 1918, com a morte e partida para outros países de alguns artistas, o movimento Futurista Português entrou em declínio.

Características do Futurismo


Em linhas gerais, os futuristas tentaram mostrar em suas pinturas a idéia de dinamismo, entendido como a deformação e desmaterialização por que passam os objetos e o espaço quando ocorre a ação. Pode parecer algo muito simples, mas não é. De fato, os futuristas, que tão bem souberam expressar suas teorias nos manifestos, tiveram muito trabalho para as materializar sem cair nas antigas representações artísticas que tanto abominavam.

Uma de suas propostas foi a divisão da cor. É mais do que sabido que, qualquer objeto em movimento, um automóvel, por exemplo, é visto pelo observador como uma sucessão de linhas coloridas fugazes. Esta teoria pode parecer familiar quando se pensa nos esforços que os impressionistas fizeram para captar a luz ou as cores num momento determinado. Mas é exatamente aí que está a diferença na proposição dos futuristas.

É que os futuristas aspiram à captação de um instante preciso na tela, sem a soma de momentos que, em conjunto, constroem a ação. Além disso, como um objeto em movimento também perde sua forma original, é necessário fragmentar volumes e linhas. Não bastasse isso, os futuristas ousaram ainda mais. Repetiram essas fragmentações até saturar o plano, com o que conseguiram alcançar um de seus maiores objetivos: a simultaneidade.

Diante das obras futuristas, o espectador, estático, só consegue se deixar envolver por essas telas velozes e movediças, que, mais do que um prazer visual, transmitem a sensação de vertigem dos novos tempos. O pintor Boccioni, um dos maiores expoentes do movimento, fez suas incursões pela escultura, aprofundando a busca do dinamismo, embora se possa afirmar sem dúvida que, nas artes plásticas, o futurismo foi uma arte eminentemente pictórica.

A Influência do Futurismo

Artes plásticas Tem o objetivo de criar obras com o mesmo ritmo e espírito da sociedade industrial. Para refletir a velocidade na pintura, os artistas recorrem à repetição dos traços das figuras. Se querem mostrar vários acontecimentos ao mesmo tempo adaptam técnicas do cubismo. Na escultura, os futuristas fazem trabalhos experimentais com vidro e papel. O grande expoente é o pintor e escultor italiano Umberto Boccioni (1882-1916). Sua escultura Formas Únicas na Continuidade do Espaço (1913) - interseção de vários volumes distorcidos - é uma das obras emblemáticas do futurismo. Nela se percebe a idéia de movimento e força.

Preocupados com a interação entre as artes, alguns pintores e escultores se aproximam da música e do teatro. O pintor italiano Luigi Russolo (1885-1947), por exemplo, cria instrumentos musicais e os utiliza em apresentações públicas.

Na Rússia, o futurismo tem papel importante na preparação da Revolução Russa (1917) e caracteriza as pinturas de Lariónov (1881-1964) e Gontcharova (1881-1962).

Literatura As principais manifestações ocorrem na poesia italiana. Sempre a serviço de causas políticas, a primeira antologia sai em 1912. O texto é marcado pela destruição da sintaxe, dos conectivos e da pontuação, substituída por símbolos matemáticos e musicais. A linguagem é espontânea e as frases são fragmentadas para expressar velocidade. Os autores abolem os temas líricos e incorporam à poesia palavras ligadas à tecnologia. As idéias de Marinetti, mais atuante como teórico do que como poeta, influenciam o poeta cubista francês Guillaume Apollinaire (1880-1918).

Na Rússia, o futurismo expressa-se principalmente na literatura. Mas, enquanto os autores italianos se identificam com o fascismo, os russos aliam-se à esquerda. Vladímir Maiakóvski (1893-1930), o poeta da Revolução Russa, aproxima a poesia do povo. Outro poeta de destaque é Viktor Khlébnikov (1885-1922).

Teatro Introduz a tecnologia nos espetáculos e tenta interagir com o público. O manifesto de Marinetti sobre teatro, de 1915, defende representações de apenas 2 ou 3 minutos, com pequeno ou nenhum texto, poucos atores e vários objetos em cena.

As experiências na Itália concentram-se no teatro experimental fundado em 1922 pelo italiano Anton Giulio Bragaglia (1890-1960). Marinetti também publica uma obra dramática em 1920, Elettricità Sensuale, mesmo título de uma peça sua escrita em 1909.

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa


Fernando António Nogueira Pessoa
(Lisboa, 13 de Junho de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.

É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa. O crítico literário Harold Bloom considerou-o, ao lado de Pablo Neruda, o mais representativo poeta do século XX. Por ter vivido a maior parte de sua juventude na África do Sul, a língua inglesa também possui destaque em sua vida, com Pessoa traduzindo, escrevendo, trabalhando e estudando no idioma. Teve uma vida discreta, em que atuou no jornalismo, na publicidade, no comércio e, principalmente, na literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterônimos. A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre sua vida e obra, além do fato de ser o maior autor da heteronímia.


Morreu de problemas hepáticos aos 47 anos na mesma cidade onde nasceu, tendo sua última frase sido escrita na língua inglesa, com toda a simplicidade que a liberdade poética sempre lhe concedeu: "I know not what tomorrow will bring... " ("Eu não sei o que o amanhã trará").

Filippo Marinetti

Filippo Marinetti

Filippo Tommaso Marinetti (22 de Dezembro de 1876, Alexandria, Egito - 2 de Dezembro de 1944, Bellagio, Itália), foi um escritor, poeta, editor, ideólogo, jornalista e ativista político italiano, iniciador do movimento futurista, cujo manifesto publicou no jornal parisiense Le Figaro, em (20 de fevereiro de 1909).

Oswald de Andrade


Oswald de Andrade


José Oswald de Sousa Andrade
(São Paulo, 11 de janeiro de 1890 - São Paulo, 22 de outubro de 1954) foi um escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro.

Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo.

Umberto Boccioni

Umberto Boccioni

Umberto Boccioni (Reggio di Calabria, 1882 - Verona, 1916) foi um pintor e escultor italiano, do movimento futurista. É talvez o mais célebre futurista europeu.


Estudou pintura impressionista e pós-impressionista em Paris, e depois em Veneza, na Academia de Belas Artes. Realizou atividades de ilustrador e produtor de cartazes. Foi aluno de Giacomo Balla, outro integrante da vanguarda futurista.

Boccioni começa a realizar esculturas a partir de 1912. A maioria de suas obras eram realizadas em gesso, e muitas foram destruídas. A sua escultura Formas Únicas de Continuidade no Espaço é um marco do movimento futurista e da cultura do modernismo européia, sinônimo de vanguarda e inovação, colocando-o na linha frontal da História de Arte da primeira metade do século XX. A escultura aparece no verso de algumas moedas italianas. Publicou diversos textos sobre a estética Futurista, onde destaca-se o livro Pittura Scultura Futuriste, que concentra todo o ideário artístico do movimento, escrito em 1914. Boccioni falece em 1916, em Sorte, Verona, devido a uma queda de cavalo.

Santa-Rita Pintor

Santa-Rita Pintor


Guilherme de Santa-Rita
ou Santa-Rita Pintor (Lisboa, 1889 - Lisboa, 29 de Abril de 1918) foi um pintor e escritor português, considerado o introdutor do Futurismo em Portugal.

Guilherme Augusto Cau da Costa de Santa Rita
, mais tarde passaria a chamar-se apenas, Santa Rita Pintor.

Em 1910, foi bolseiro na Academia de Belas Artes de Paris, posição que perdeu devido às suas idéias monárquicas e às más relações com o embaixador de Portugal João Chagas.


Regressado a Lisboa em 1914, planeia publicar o Manifesto Futurista de Filippo Marinetti em português, tarefa que nunca realiza, apesar da autorização do autor.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Obras Futuristas

A carga dos lanceiros, Umberto Boccioni

Automóvel + velocidade + luz, Giacomo Balla

Dinamismo de um automóvel, Luigi Russolo

Dinamismo de um ciclista, Umberto Boccioni

Estado de ânimo II – Os adeuses, Umberto Boccioni

Formas Únicas de Continuidade no Espaço, Umberto Boccioni (1913)

Funerais do anarquista Galli, Carlo Carrà

Manifestação intervencionista, Carlo Carrà

Retrato de Marinetti, Carlo Carrà

Umberto Boccioni (auto-retrato)

Velocidade abstrata – O carro passou, Umberto Boccioni

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O Manifesto Futurista


“Ele consistia nos seguintes itens:
1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito à energia e à temeridade.
2. Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta.
3. Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a bofetada e o soco.
4. Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre adornado de grossos tubos como serpentes de fôlego explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos cantar o homem que está na direção, cuja haste ideal atravessa a Terra, arremessada sobre o circuito de sua órbita.
6. É preciso que o poeta se desgaste com calor, brilho e prodigalidade, para aumentar o fervor entusiástico dos elementos primordiais.
7. Não há mais beleza senão na luta. Nada de obra-prima sem um caráter agressivo. A poesia deve ser um assalto violento contra as forças desconhecidas, para intimá-las a deitar-se diante do homem.
8. Nós estamos sobre o promontório extremo dos séculos!... Para que olhar para trás, no momento em que é preciso arrombar as portas misteriosas do impossível? O tempo e o espaço morreram ontem. Nós vivemos já no absoluto, já que nós criamos a eterna velocidade omnipresente.
9. Nós queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo - o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas idéias que matam, e o menosprezo à mulher.
10. Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e utilitárias.
11. Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta; as marés multicoloridas e polifônicas das revoluções nas capitais modernas; a vibração noturna dos arsenais e dos estaleiros e suas violentas luas elétricas; as estações glutonas comedoras de serpentes que fumam; as usinas suspensas nas nuvens pelos barbantes de suas fumaças; as pontes para pulos de ginastas lançadas sobre a cutelaria diabólica dos rios ensolarados; os navios aventureiros farejando o horizonte; as locomotivas de grande peito, que entoucinham os trilhos, como enormes cavalos de aço freados por longos trilhos, e o vôo deslizante dos aeroplanos, cuja hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão entusiasta.”